sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 33


- O que as duas acham que estavam fazendo? Brigando na porta da igreja, pra todo mundo ver, este é o exemplo que vocês querem dar ao povo, é o testemunho que querem dar? Não é só seus nomes que estão em jogo, e sim o nome do Senhor Jesus, vocês deveriam ser um referencia para as outras pessoas. Deviam se envergonhar.

- Mas pastor, a Drika só contou pro senhor sobre mim pra me prejudicar, ela me odeia. Fez isso só por causa do namoradinho dela.

- O Flávio não é meu namoradinho, e não se atreva a falar dele, ele não tem nada haver com esta história, você só esta colhendo o que plantou Mariana.

Quase brigamos novamente ali mesmo, na frente do pastor, os ânimos estavam bastante exaltados. E o pior era que cada vez que alguém me acusava de alguma coisa eu me sentia pior, me sentia realmente culpada. Cada vez que alguém dizia que eu não era de Deus, que eu era perturbada, que eu não merecia o perdão de Deus, eu acreditava naquelas palavras e me sentia ainda pior.

Na quarta feira liguei para o Paulo e pedi que ele fosse na igreja comigo, eu não queria ir sozinha. O Paulo estava sendo incrível comigo, mas eu não poderia me apaixonar por ele, meu coração já tinha dono, eu ainda gostava do Flávio, e a lembrança dele ainda era muito forte. Mesmo assim o Paulo nunca se importou, mas eu não sabia quais eram as verdadeiras intenções dele comigo. Se ele estava sendo apenas um grande amigo, ou se ele tinha outras intenções, mas de qualquer forma, eu não poderia me dar o luxo de perder a amizade dele, era o único que acreditava em mim e estava do meu lado. Logo que cheguei na igreja, a vontade era de ir embora, eu cumprimentava as pessoas e elas viravam as costas, pareciam estar com raiva de mim, uma doninha de idade, já antiga na igreja chegou perto de mim pra me dar um sermão, "Menina, muito feio isso que você fez de prejudicar os outros por inveja". Pelo menos ela teve coragem de falar na minha cara o que todos estavam pensando. Ninguém acreditava que eu tinha feito aquilo com boas intenções, todo mundo acreditava que eu só denunciei a Mariana por causa da história dela com o Flávio, e por vingança dela ter me dedurado quando sai com o Flávio.

Sai da igreja decidida a nunca mais colocar os pés naquele lugar, não iria me rebaixar daquela forma, nem deixar que as pessoas me maltratassem. Decidi também que esqueceria o Flávio de vez, ele nunca mais respondeu meus e-mail, ligações e milhares de tentativas de entrar em contato com ele, ele jurou que nunca me deixaria, mas era mentira. E decidi que daria uma chance para o Paulo, nem sabia se era o que ele queria, mas estava decidida a conquistar ele e assim esquecer de vez o Flávio.

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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 32


Mostrei as fotos para o pr Renato e ele tirou a Mariana de obreira e contou tudo para o noivo dela, o que consequentemente ocasionou no termino do noivado dos dois. Acreditei ter feito o que era certo, mas na semana seguinte comecei a me arrepender de ter me envolvido nesta história.

Fui na igreja na terça e na quarta feira, e tudo parecia estar normal, eu já sabia que a Mariana tinha saído de obreira, mas esperava ver ela lá, queria explicar que não fiz por mau, só estava zelando pela obra, mas ela não foi na igreja, no domingo de manha cheguei um pouco atrasada, mas reparei que a mariana estava sentada lá atras, e me fitou com os olhos quando eu entrei na igreja. Ao fim da reunião fui falar primeiro com a Gabi, queria acertar as coisas com ela, pedir desculpas por qualquer coisa que eu pudesse ter feito contra ela, e dizer que eu a perdoava por tudo também. Mas a Mariana chegou gritando de repente, nem tive tempo de expressar alguma reação. Ela gritava "sua miserável, você acabou com minha vida, acabou com minha felicidade pela segunda vez, você é uma invejosa". Aquelas palavras me doíam a alma, eu sabia que nunca quis prejudicar a Mariana, mas ela estava certa, já era a segunda vez que eu estragava a chance dela ser feliz. E ela continuou "Eu nunca vou te perdoar Drika, eu te trouxe pra igreja, cuidei de você, fui sua amiga, e é assim que você retribui? é uma traidora". Quando olhei pro lado percebi que estava todos olhando, ninguém esboçava nenhuma reação, mas me olhavam com um olhar de condenação. O Paulo estava certo, eu devia ter ficado de boca calada.

Quando a situação parecia não poder piorar, a Mariana estava com os olhos esbugalhados de ódio, os dentes rangiam, eu ainda estava em estado de choque, sem reação, quando me desperto desse estado catatônico com uma dor e um calor na face, ela tinha me batido, tinha dado um tapa na minha cara, sem que eu pudesse pensar em algo, num instinto impulsivo retribui o tapa, seguramos no ombro uma da outra com muita força, e nos encaramos como dois bichos brigando por território, a briga só sessou quando o pastor chegou gritando mandando parar.

- As duas na minha sala AGORA!  e não quero ouvir nem um "pio" vindo de vocês até que eu mande.

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreiro - Capitulo 31



As semanas se passaram e aquela cena da Mariana com o Gustavo, eu não podia ficar omissa aquela situação, tinha que fazer alguma coisa, mas o Paulo tinha razão, aquilo só ia me expor ainda mais. Porem decidi que neste momento eu não seria egoísta, não pensaria no que de ruim poderia acontecer comigo, e sim o que de ruim poderia acontecer com a obra de Deus se eu não fizesse alguma coisa, era obrigação minha zelar pela obra de Deus.

Fazia meses que eu não ia na minha igreja, não sei se ainda posso chamar assim, de "minha", já que eu tinha virado as costas para aquele lugar. Mas resolvi que domingo de manha eu iria lá, decidi ainda que voltaria a frequentar ali, de cabeça erguida, tentar voltar as práticas das primeiras obras, e naquele mesmo domingo conversaria com o pastor sobre a Mariana.

Chegando na igreja o pastor Diogo já não estava mais lá, agora era o pastor Renato, ele deveria ter lá para seus 30 anos, um metro e 80 de altura, olhar firme e voz forte, era casado, sua esposa era incrivelmente jovem, tinha aparência de ser mais jovem até que eu, tinha cabelos loiros longos e brilhantes, olhos azuis faiscantes, e um sorriso que esbanjava simpatia. Após a reunião entrei na fila pra conversar com o pastor, reparei que alguns obreiros me olhavam de rabo de olho, provavelmente pensavam que eu estava ali pra contar um pecado meu ou "alguma" mentira para o pastor. Mas eu não me importava mais com o que os outros pensavam, continuei esperando como se usasse cabresto, olhando fixamente pro altar, sem olhar pra mais ninguém. Me apresentei para o pastor, contei toda minha história e falei que queria mudar, que precisava da ajuda dele, que meu maior sonho no momento era voltar a ser obreira, mas eu não conseguia voltar a ser como antes, ele escutou atentamente, eu quase desisti de falar da Mariana, mas sabia que era preciso.

- Pastor Renato, tem mais uma coisa que eu preciso contar, mas não é sobre mim
- Diga Drika, qual é o problema?
- A Obreira Mariana esta traindo o noivo dela, eu vi ela com outro rapaz no shopping outro dia.
- Drika, esta acusação é muito séria, você não pode acusar alguém de algo tão sério sem ter provas.

Que ironia, me tiraram de obreira por acusações sem provas, sem fundamento, e agora o pastor pede prova sobre minha acusação contra a Mariana. Mas eu tinha provas, tinha tirado fotos, e isso evitaria que eu saísse mais uma vez como mentirosa. Eu só precisava mostrar as fotos pro pastor Renato.

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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 30

As coisas pareciam que não iam se acertar para mim nunca, eu não me lembrava mais o que era ter paz. Sempre que eu ia na igreja eu ouvia o pastor falando em perdão, da misericórdia de Deus e sobre se concertar com Deus e voltar a pratica das primeiras obras. Na verdade eu já sabia de tudo isso, mas o que eu não conseguia entender era onde eu deveria mudar. Eu não me considerava estar vivendo em pecado, não tinha me prostituído, me embriagado, mentido ou roubado. Estava vivendo a minha vida exatamente como antes.  Então em que eu deveria mudar? Em que eu deveria me concertar pra conseguir ter minha salvação novamente, para ter paz? O que eu precisava para ter um encontro com Deus?


Eu costumava frequentar um curso de inglês todas as segundas feiras, o curso ficava próximo de um famoso shopping no centro da cidade, mas eu quase nunca frequentava lá. Nesta segunda o professor faltou e não teria aula, mas eu não poderia ir embora para casa, pois mais tarde pretendia encontrar com o paulo na igreja, que ficava lá próximo. Então resolvi ir ao shopping tomar um capucino, era minha bebida preferida, e me lembrava do primeiro encontro com o Flávio, e naquele dia a lembrança do Flávio parecia estar ainda mais forte.

Logo no começo do meu namoro com o Flávio, a Mariana já começou a namorar outro pastor, e a noticia que eu tinha era que ela estava noivae com o casamento marcado. O que na época me deixou mais tranquila, quanto ao fato de eu de certa forma ter sido a culpada do rompimento dela com o Flávio. Mas naquela segunda feira ao entrar na praça de alimentação do shopping me deparo com uma cena que me deixo estarrecida. A Mariana estava ao beijos com o Gustavo. Gustavo era um antigo namorado dela, da época da escola, antes mesmo dela se converter, e ele não era convertido, tinha um estilo esqueitista, com alargador na orelha e tatuagens pelo corpo. Quando vi não entendi o que estava acontecendo, então resolvi chegar mais perto para ter certeza de que realmente era a Mariana, num impulso quase natural peguei meu celular e tirei uma foto dos dois. E depois fui embora antes que ela conseguisse me ver.

Mais tarde ao encontrar com o Paulo, ele me orientou a não me meter nesta história, que eu sairia como fofoqueira e mais uma vez todos se virariam contra mim. Diriam que eu só fiz isso por ciumes do Flávio, ou dor de cotovele. A princípio concordei com o Paulo, mas aquilo me encomodou por semanas. A Mariana era noiva de um pastor e estava prestes a se casar, ficar omissa quanto aquela situação seria ser cúmplice, e ela poderia arruinar o ministério do noivo dela se ela se cassasse com ele.

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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira capitulo 29

O Flávio foi embora pra cidade dele, perdemos o contato um com o outro. Tentei ligar diversar vezes pra ele, mas o telefone só dava desligado, ele provavelmente trocou de número. Pensei em ir atras dele, mas me dei conta que não sabia muito sobre ele, não sabia o endereço dos pais deles, nem nenhum outra informação que pudesse me levar a ele, o obreiro Paulo até tentou me ajudar, já que o Flavio morou um tempo na casa dele, mas foi inútil, o Flávio estava incomunicável. Antes de ir embora ele me disse que faria isso, disse que estaria sempre de olho em mim, cuidado de mim de longe, mas sumiria a meus olhos, não deixaria rastro para eu não ir atras dele. Me disse que ele não fazia bem pra mim, que o melhor era sumir. E foi o que ele fez.

 Isso foi o inicio de uma depressão profunda. Eu estava realmente muito apegada a ele, e a falta dele me fez tão mau quanto a presença. Na verdade o problema não era ele, era eu, portanto eu ficaria mau de qualquer forma.  E me desestruturei completamente quando ele se foi. Ficou um vazio muito grande que eu precisava preencher, mas não sabia como. Na verdade sabia que só Deus poderia preencher, mas achava inútil tentar, Ele não me escutaria, eu não era digna da presença de Deus. Eu comecei a desanimar de vez de ir na igreja. Então procurava outras formas pra preencher aquele vazio, pra fugir daquela depressão. Estava realmente muito frágil, e carente.

Nesse período me aproximei muito do obreiro Paulo, ele estava me ajudando a superar aquela situação. Ele sempre foi um grande amigo, mas estava mais próximo do que nunca, me ligava todas as noites pra saber como eu estava, e as vezes eu chorava com ele no telefone, e ele sempre dizia, "Calma, esse sentimento ruim logo passará". De alguma forma estas palavras me ajudavam. Ele me orientava também quanto as coisas de Deus, pois eu mau estava indo na igreja, e ele como obreiro e meu amigo se sentia na obrigação de me ajudar. Por diversas vezes eu tive vontade de me entregar ao pecado, ao mundo, de parar de vez de ir na igreja, e tentar preencher aquele vazio assim como o resto das pessoas que não conhecem a Deus, no mundo. Mas o Paulo Não deixava, estava o tempo todo do meu lado, me exortando, me dando uma palavra de fé, me fazendo ter forças para lutar mais um pouco, e mais um pouco.

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sábado, 25 de outubro de 2014

10 Dicas para ter uma pele perfeita

10 Dicas para uma Pele Perfeita
Quem não quer deixar a pele bonita, macia e hidratada? Para isso, algumas atitudes simples na sua rotina fazem muita diferença.
O segredo de uma pele bonita e saudável vai muito além dos cuidados de limpeza e proteção solar. O que podemos fazer para retardar o efeito do tempo e outros agentes é ficarmos atentas aos detalhes e não relaxar na hora de prevenir.
Seguem 10 dicas para você colocar em prática o quanto antes, e manter a beleza da sua pele por muito mais tempo.
1. Alimentação: O cuidado com a pele começa de dentro para fora. Prefira uma dieta balanceada usando todos os grupos alimentares. A ênfase maior é nas fibras. Sempre que possível, coma verduras e frutas com casca: assim, melhoram o funcionamento do intestino, que contribui diretamente para uma pele bonita. Incluir alimentos antioxidantes é essencial para combater os radicais livres e evitar o envelhecimento precoce.
2. Água: A água é fundamental para manter a pele hidratada. Se você não repuser os líquidos dos quais a pele precisa para eliminar toxinas e detritos do organismo, não adianta em nada enchê-la de cremes. Para manter a pele hidratada, ingira líquido em abundância: pode ser água, chá ou sucos.
3. Proteção solar: O sol é o grande vilão para aquelas que buscam uma pele bonita e jovem. No dia-a-dia escolha um filtro solar adequado ao seu tipo de pele e ao seu local de trabalho. Para quem trabalha em locais fechados com luz artificial, uma base ou bb cream com FPS15 é ideal. Já quem trabalha exposto ao sol, dependendo da tonalidade da pele, o mínimo necessário é o FPS20.
4. Sono: Uma boa noite de sono é um verdadeiro tônico para a pele, favorecendo a nutrição e a desintoxicação do organismo. Além disso, repõe as energias.
5. Vícios: Os males do cigarro para a pele são evidentes: reduzem a oxigenação do tecido e, por consequência, agravam problemas como inflamação e ardência. Moderar as bebidas alcoólicas é outro grande favor que você faz para sua pele.
10 Dicas para uma Pele Perfeita
6. Limpeza e Esfoliação: Os resíduos de fumaça e sujeira contaminam a camada de proteção da pele obstruindo poros (os famosos cravos). Poros obstruídos são o ambiente perfeito para bactérias e então o surgimento das espinhas. Cuide bem da limpeza da pele, com demaquilante e sabonetes específicos para seu tipo de pele. Para evitar pelos encravados, cravos, espinhas e controlar a oleosidade, a melhor dica é fazer esfoliação, pois elimina também as células mortas. Faça-a ao menos uma vez por semana.
7. Maquiagem: Use sempre produtos de qualidade e de acordo com seu tipo de pele. Se sua pele for extra-sensível, use linhas hipoalergênicas. Maquiagens de má qualidade podem causar alergias e piorar o estado da pele. Jamais durma com maquiagem: use um demaquilante e lave o rosto. Dormir de maquiagem obstrui os poros, forma cravos e espinhas, além de deixar a pele mais oleosa.
8. Estresse: Ficar tensa nos faz contrair a musculatura facial podendo causar rugas na testa e em torno dos olhos. O estresse também pode causar desequilíbrio em nosso organismo gerando até a incidência de acne.
9. Hidratação: Na hora de escolher seu hidratante, escolha um específico para seu tipo de pele. Quando a pele está bem hidratada, adquire boa elasticidade e aspecto macio e suave. Em contrapartida, quando está ressecada, perde sua elasticidade e se apresenta opaca e áspera.
10. Área dos Olhos: A área dos olhos é a parte mais sensível do rosto e requer cuidados especiais. Use produtos específicos para essa região para evitar ardência nos olhos. Depois dos 30 anos de idade, use produtos anti-idade para evitar a formação de rugas. Os efeitos são melhores se usados à noite e pela manhã.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 28



O Flávio começou falando do quanto me amava e do quanto eu era importante pra ele. Uma conversa séria começando assim, nunca é um bom sinal. Ele realmente me amava, não tinha como eu duvidar disso, dia após dia ele me dava provas do seu amor por mim, já abriu mão de tanta coisa por mim, e me ajudou mais do que qualquer outra pessoa já me ajudou antes, ele sempre cuidou de mim e quando ele estava ao meu lado eu me sentia protegida. Mas eu sabia que eu estava estragando tudo. Eu estava mau com Deus e isso me fazia ficar mau com as pessoas, inclusive com o Flávio.

- Drika, eu decidi voltar pra minha cidade, ir morar com meus pais de novo.
- Não! Você não pode fazer isso comigo, não pode me deixar aqui sozinha.
- A unica coisa que me prendia aqui era você meu amor, mas não dá mais pra continuar, a gente só briga.

Nesse momento eu entrei num estado de desespero, tive um surto nervoso, sai de mim, perdi o controle sobre mim mesma, comecei a chorar desesperadamente, eu não podia perder o Flávio, eu nunca mais amaria alguém como amo ele, eu ficaria sozinha sem rumo. Comecei a me arranhar e puxar meu próprio cabelo, tinha vontade de bater em mim mesma, de me machucar. Tudo isso era culpa minha, eu estraguei tudo de novo, precisava me punir por isso. O Flávio tentava me segurar, tentava me acalmar, mas nada resolvia. Eu estava fora de controle. Eu me ajoelhei, implorei, pede pelo amor de Deus pra ele não ir embora, eu tinha perdido completamente meu amor próprio, estava ali me humilhando pra ele. E ele não sabia como agir naquela situação. Era justamente esta minha falta de controle e amor próprio que estava fazendo ele ir embora, e tentar fazer ele ficar dessa forma só piorava as coisas.

- Drika, eu não estou te reconhecendo, você esta louca! Precisa se tratar, se cuidar. Você nem de perto é aquela garota alegre por quem eu me apaixonei.
- Me entenda por favor, me dê mais uma chance, eu prometo que vou mudar! Eu preciso de você, você é tudo que eu tenho.

Eu estava completamente dependente do Flávio, me apeguei a ele de uma forma que o sufocava, era como uma droga, um vicio, e aquele surto era por abstinência. Só de imaginar ficar sem ele eu entrava em desespero. Eu sempre fui uma menina alegre, rodeada de amigas,  gostava de fazer novas amizades, de me socializar, mas com o tempo, com tudo o que aconteceu eu fui me afastando de tudo isso, fui perdendo os amigos um a um, e não conseguia mais fazer novos amigos, estava sempre mau humorada e afastava as pessoas de mim, e acredito que por esta razão me apeguei tanto ao Flávio, ele era a unica pessoa que conseguia se aproximar de mim, a unica pessoa que estava ao meu lado e talvez  a unica pessoa que eu tinha algum afeto.

CONTINUA...

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 27


Aquela situação permaneceu por alguns meses. Eu ia na igreja mas não evangelizava, era fiel no dizimo mas não era  mais ofertante, não jejuava ou orava mais, e toda vez que eu ia falar com Deus, sentia que eram gritos vazios, então parei de falar com Deus também. Mas eu precisava manter as aparências, não podia deixar que ninguém soubesse como eu estava, isso seria minha derrota e a vitória de quem torcia contra mim. O meu relacionamento com o Flávio não ia muito bem, mas íamos empurrando com a barriga, pois nos amávamos muito e não queríamos perder um ao outro.

Na quarta-feira marquei com ele de me buscar em casa as 19h em ponto, a reunião começava as 19:30h e eu não gostava de me atrasar. Mas neste dia o Flávio se atrasou, chegou para me pegar as 19:20h, 20 minutos de atraso foi o suficiente para gerar uma briga incessante. Aquela briga talvez seria a gota d'agua. Um motivo tão fútil, trouxe a tona outros problemas, como a aproximação dele com a gabi, a falta de carinho que ele demonstrara nos últimos meses, e meu ciumes excessivo. Chegamos na igreja já atrasados, após a reunião o Flávio me levou em casa sem me dar nenhuma palavra, era um silencio ensurdecedor.

Ficamos sem nos ver ou nos falar até no domingo, quando o Flávio veio me buscar para ir a igreja, mas o silencio ainda permanecia, mau consegui me concentrar na reunião, meu coração parecia que ia sair pela boca, eu não queria, eu não podia perder o Flávio, ele era tudo o que eu tinha, se eu o perdesse perderia meu chão, não faria mais sentido a minha vida. Foi ai que minha fixa caiu de quão mau eu estava com Deus. Eu que outrora era totalmente dependente de Deus, agora era dependente de um homem.

Ao acabar a reunião o Flávio finalmente falou, mas no meu intimo eu preferia que ele não falasse, eu sabia que quando ele falasse, não seria boa coisa. As lagrimas começaram a cair antes mesmo de ouvir o que ele tinha a dizer, minhas pernas perderam as forças, eu precisava sentar se não poderia cair, me sentia tonta e um pouco enjoada.

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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Diário de um ex-obreira - Capitulo 26


Algo de ruim estava crescendo dentro de mim, eu já não tinha mais vontade de orar e jejuar, já não via mais motivos para ir com tanta frequência a igreja, não tinha mais animo de evangelizar. Eu não me sentia mais a vontade dentro da igreja e não me encaixava em nenhum grupo, me sentia um peixinho fora d'agua, e não conseguia entender como e porque eu tinha mudado tanto. Comecei a pensar  então que talvez o problema não fosse eu e sim a iurd daquele bairro, e resolvi passar a frequentar outra iurd, e escolhi a iurd que o Flávio frequentava, assim eu não me sentiria tão sozinha. Ele sempre me buscava e me levava em casa todas as terças, quartas e domingos. Começamos a namorar, mas dessa vez não colocaríamos a nossa salvação em risco, ele não entrava na minha casa se eu tivesse sozinha, me deixava no portão se fosse o caso, estávamos vigiantes, e continuávamos firme no objetivo de voltar pra obra.

Aparentemente as coisas estavam indo bem, mas eu não me sentia bem, é como se eu carregasse um peso o tempo todo. Não tinha mais amigos, todos os quem um dia me chamaram de amiga, irmão, hoje mau olhavam na minha cara. Eu só tinha o Flávio, só podia contar com ele, então me apeguei com todas as minhas forças a ele.  Mas todo aquele peso me deixava tensa, estressada, o que estava causando muitas brigas entre mim e ele. Eu me tornei extremamente ciumenta, vigiava ele nas redes sociais, não gostava que ele saísse com os amigos, e nem que ele fosse na igreja sem mim. Talvez pela dependência que eu criei dele, por não ter mais ninguém, eu tinha um medo incontrolável de perde-lo.  Brigava com ele por conta do trabalho, não aceitava o fato dele conviver diariamente com a Gabi. Qualquer coisa era motivo para virar briga, nem eu estava me aguentando mais. Estava me tornando aquilo que sempre rejeitei, uma amargurada!

O Flávio sabia tudo o que eu tinha passado, então tentava ser compreensivo, mas as vezes perdia a paciência e gritava comigo, e ficava dias sem falar comigo. Ele dizia pra mim e pra si mesmo que era só uma fase, que logo a verdadeira Drika estaria de volta, mas eu sentia que não era bem assim, eu tinha mudado muito e dificilmente voltaria a ser aquela garota meiga, que se dava bem com todo mundo e tinha o coração puro.

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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 25



Aquele beijo se prolongou, nem eu nem o Flávio não lembrávamos mais o real motivo dele estar ali, só queríamos estar juntos. A mão dele deslisou sobre a minha cintura, meu corpo ficou ainda mais próximo do dele, e aquele beijo parecia interminavelmente perfeito. Eu estava me entregando a aquele momento.

Por uma fração de segundos consegui retomar o controle sobre mim, empurrei bruscamente o Flávio e gritei "vai embora agora!" Não acreditei no que tinha acontecido, mais alguns segundo ali e provavelmente teríamos ido pra cama. Por pouco eu quase fiz o que todos me acusavam de ter feito. Talvez eles tivessem razão de pensar o pior de mim, afinal a um minuto atras eu quase fiz o que jurei nunca fazer. Mas Deus me guardou naquele momento, mas eu teria que vigiar mais, da próxima vez eu poderia não ter tanta sorte.

Fiquei horas lembrando daquele momento, foi tão único, tão perfeito. Não era só o abraço do Flávio que era perfeito, o beijo era igualmente apaixonante, envolvente. Era impossível esquecer aquele beijo, como me arrepender de algo tão perfeito? No meu intimo, mesmo negando a mim mesma, eu desejei que algo a mais tivesse acontecido. Mas graças a Deus não aconteceu. Seria como afirmar que tudo o que falaram de mim era verdade. Sabe quando você não quer fazer algo por saber que é errado, mas ao mesmo tempo deseja com todas as forças fazer? Era exatamente assim que eu me sentia. Entre meu coração e a razão.

O Flávio começou a me ligar, mas eu não queria atender, estava me sentindo envergonhada, Mas ele insistia, eu desliguei o celular para que ele parasse de me ligar. No fundo eu até queria atender e falar com ele, mas eu não sabia o que ele iria me dizer e nem o que dizer pra ele, então achei melhor deixar as coisas esfriarem. 

CONTINUA...


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 24


- Não vai me convidar para entrar?
- Acho melhor não Flávio, eu estou sozinha em casa. 
- Para de bobeira Drica. Não confia em mim? 

Ficamos conversando na sala, deixei a porta aberta e a tv ligada, isso me dava uma sensação de segurança. Quando o Flávio chegou eu já não estava mais chorando, mas ao começar a falar novamente do assunto, foi impossível conter as lagrimas. O Flávio tentou me consolar, disse que tudo ficaria bem e que ele sempre estaria ao meu lado, mas foi em vão. Eu me sentia fraca, impotente, um lixo. Não entendia por que tudo aquilo estava acontecendo comigo. Eu não tinha cometido nenhum pecado, mas ninguém quis me ouvir, eu me sentia injustiçada. Contei pra ele tudo o que eu estava passando na igreja, na forma que as pessoas estavam me tratando, das fofocas, das mentiras ao meu respeito, do que a Gabi tinha feito, e que por culpa dela toda a igreja agora estava achando que eu estava em pecado, falei da vergonha que eu estava sentindo e que eu sentia vontade de sumir e nunca mais ter que aparecer naquela igreja. O Flávio mais uma vez me abraçou, dessa vez com um pouco mais de intimidade, o abraço dele era acalentador e firme, aquele abraço conseguia fazer mesmo que por alguns minutos eu me sentir segura. Eu conseguia sentir o coração dele bater com firmeza, a mão dele parecia suar, e eu conseguia sentir sua respiração forte sobre meus ombros. Ele parecia estar segurando para não chorar, foi ai que me dei conta que estava sendo difícil para ele também. Ele também estava passando por uma barra, ainda morava de favor, tinha saído de pastor, era injusto eu falar dos meus problemas e esquecer dos deles. Então abracei ele mais forte, na intenção de igualmente consola-lo. "Eu também estarei sempre do seu lado Flávio, sempre!" 

Ele olhou fixamente nos meus olhos, como se quisesse me decifrar, e falou num tom de voz tão baixo que quase não deu para escutar.

- Eu te amo Drica! 
- Eu também Flávio, eu também... 

Nos beijamos simultaneamente, não dá para dizer que foi ele ou se foi eu que deu o primeiro passo, foi simultâneo. Os lábios dele pareciam se encaixar perfeitamente aos meus, aquele beijo me tirou de órbita. não conseguia pensar em mais nada, sonhei com este beijo por meses e finalmente estava acontecendo, e foi tão espontâneo. Meu coração palpitava, parecia que finalmente as coisas iriam dar certo pra nós dois. Foi um momento perfeito. 

CONTINUA...







sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 23


Eu precisava de ajuda, precisava conversar com alguém, mas eu estava nervosa demais para sair de casa, estava tremendo de tanta raiva. A Gabi tinha que ter me perguntado antes de falar com o pastor, ela tinha que ter confiado em mim. E o pastor Diogo fica me julgando, ele não me conhece, não sabe de nada da minha vida, não viveu o que eu vivi, que direito ele acha que tem pra falar comigo daquela forma? Ele não vê q eu também sou uma alma?

Mas quem poderia me ajudar? todos estavam contra mim, ninguém acreditava em mim, com exceção do Flávio. Eu só tinha o Flávio. Resolvi ligar para ele e pedir que ele viesse me ver naquele mesmo instante. Eu estava sozinha em casa, sabia que não era uma boa ideia, mas estava desesperada, e ele é a unica pessoa que eu confiava no momento. Eu chorava muito no telefone, ele ficou muito preocupado, e concordou em ir me ver.  Não vi como um problema eu estar sozinha em casa, afinal eu estava muito mau para fazer qualquer coisa, não tinha com o que me preocupar, para mim chegava a ser ridículo pensar em qualquer outra coisa naquele momento. Precisava apenas de um ombro pra chorar, um ouvido pra me ouvir, e um abraço pra me acalmar. Precisava tirar aquele peso que tomava conta do meu coração. E o Flávio era a pessoa certa pra isso.

Antes que ele pudesse chegar fui tomar um banho para relaxar, dizem que a água tem o poder de lavar a alma. Fiquei cerca de dez minutos no chuveiro e ao terminar já me sentia mais calma. Aquilo tudo ia passar, Deus não iria me desamparar. Em todos esses anos Ele nunca me decepcionou, eu preciso confiar, é só eu confiar que vai dar tudo certo. Mas como é difícil confiar. 

A campainha tocou e eu fui correndo atender, ao abrir a porta e ver o Flávio, Abracei ele com força, como quem pede socorro. Ele entrelaçou os braços sobre minha cintura, foi o abraço mais aconchegante que eu já recebi em toda a minha vida, por um momento eu senti paz. "vai ficar tudo bem" ele sussurrou nos meus ouvidos. O começo de um sorriso surgiu nos meus lábios. "seu perfume é maravilhoso, cheira como um campo florido" ele sussurrou mais uma vez nos meus ouvidos enquanto aquele abraço perdurava. Foi um momento perfeito, toda aquela dor que eu sentia desaparecera, um acalento dominou meu coração.

- Não vai me convidar para entrar?

CONTINUA....

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 22


Ao me aproximar o pastor ja começou a gritar, mau eu podia entender o que ele dizia, ele estava realmente muito nervoso comigo e eu tentava entender o que estava acontecendo. Não conseguia compreender o que o pastor estava tentando me dizer. Ele gritava que eu era uma perturbada, "endemoniada" ele disse, "Você enganou a todos" , "você não é quem eu pensei que fosse".  Depois de uns dez minutos sem entender o que estava acontecendo, percebi que havia um papel na mão dele, o pastor apontava para aquele papel e ficava ainda mais nervoso. Reparei melhor no papel e percebi que era o currículo do Flávio. Por que o pastor Diogo estava com aquele currículo em mãos? Afinal o que estava acontecendo? O que eu fiz, ou o que o pastor acha que eu fiz?  Eu estava segurando para não chorar, tudo estava dando errado pra mim, e eu não sabia o por que. O que eu tinha feito? 

- Drika, não vai se defender? Não vai dizer nada. Estou te dando uma chance de se explicar. 
- Mas pastor Diogo, eu juro que não fiz nada de errado! Por favor, acredite em mim. 

Foi quando eu ele explicou o que estava acontecendo. A Gabi ao ver o currículo do Flávio, viu meu endereço lá, como sendo o endereço dele, e logo deduziu que ele estava morando comigo. Quando ela contou isso para o pastor ele ficou furioso, na cabeça dele tínhamos caído em pecado, estávamos vivendo juntos, vivendo em pecado. Mas eu não tive forças para explicar o mau entendido, e do que adiantaria? eu já não era mais obreira mesmo. Fiz força para dizer algo mais as palavras não saiam da minha boca, eu só conseguia chorar. Só conseguir abaixar a cabeça e dizer "posso ir embora agora?". Nem esperei o pastor responder e fui embora, fui correndo para casa, queria desesperadamente colocar minha cabeça no travesseiro e chorar, só chorar. Porque as pessoas sempre esperam o pior de mim? Sempre esperam que eu tenha feito algo errado? Uma raiva foi crescendo dentro de mim, raiva das pessoas, do julgamento das pessoas, elas estavam sendo cruéis de mais comigo, e eu já não tinha forças mais pra fingir que estava tudo bem. Cansei de fazer tudo certo, de fazer tudo por todo mundo e no final das contas só me dar mau. Prometi pra mim mesma naquele momento que nunca mais seria boba, que nunca mais deixaria ninguém se meter na minha vida.

CONTINUA... 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 21


No domingo acordei bem cedo para ir pra igreja, o dia estava lindo, o sol estava brilhando como nunca, o ar puro, clima ameno, o céu num tom de azul claro encantador. Eu estava num bom humor que a semanas eu não tinha. Acho que tinha haver do Flávio ter consigo um emprego, era um peso que tinha saído das minhas costas. Coloquei um vestido floral bem fresquinho, fiz uma maquiagem leve com uma batom rosa e um delineado fino e preto, coloquei uma rasteirinha nos pés e o colar com pingente de coroa que o Flávio me devolveu assim que nos acertamos. Ele me devolveu e me convenceu a usar - uma princesa não pode ficar sem coroa - disse ele num tom encantador.

Cheguei na igreja cerca de dez minutos antes de começar a reunião, reparei que todos me olhavam de canto de olho e alguns me encaravam, a Mariana passou por mim como um foguete, como se estivesse com raiva. Mas eu já estava acostumada com esta situação, a semanas que todos me tratavam assim, Eu já tinha deixado de frequentar a força jovem, e sai do grupo de evangelização, não me sentia bem em nenhum grupo, fazia a minha parte, mas sem precisar de titulo ou de um grupo.

Durante a reunião a sensação de estar sendo encarada se tornou ainda maior, minha mente ficou bloqueada por vários minutos só tentando imaginar por que todos me olhavam daquela forma. Era uma sensação horrível que me tirava o ar, quando voltei a mim percebi que o pastor me fitava com os olhos, ele estava pregando sobre vida sentimental, sobre pecado e sobre deixar a Deus pela vida sentimental, e o tempo todo me fitava com os olhos. Parecia que estava pregando só para mim, mas eu não me identificava com as palavras dele.

Com toda esta situação sempre logo que acabava a reunião eu corria pra porta para ir embora, não queria falar com ninguém, eu já estava atravessando a rua quando a Gabi aparece correndo e me gritando:

- Drikaaa! Espera, o pastor quer falar com você agora mesmo.

Pensei em fingir não ter ouvido, não tinha muitas boas lembranças das vezes que o pastor me chamara para conversar, e só de pensar em conversar com ele me dava frio na Barriga. Mas voltei pra igreja e fui ver o que o pastor queria.

CONTINUA...  

Diário de uma ex-Obreira - Capitulo 20


Fiquei a semana toda pensando como eu poderia ajudar o Flávio, afinal eu me sentia responsável pelo o que tinha acontecido. Definitivamente ele precisava de um emprego, eu não queria de maneira nenhuma que ele precisasse voltar para a cidade dos pais deles. Justo agora que a gente estava começando a se dar tão bem, ele não poderia partir assim. Me empenhei na tarefa de conseguir um emprego para ele, o primeiro passo era fazer um bom currículo, então marcamos de nos encontrar na biblioteca publica da cidade, lá tinha alguns computadores e impressora que poderíamos usar.

O Flávio foi levantado a pastor ainda muito novo, antes mesmo de conseguir concluir o ensino médio, largou tudo para servir no altar. Ele era extraordinariamente inteligente, talvez o homem mais inteligente que eu já havia conhecido, eu ficava horas conversando com ele sobre diversos assuntos e ficava sempre impressionada com o quanto ele sabia sobre tudo, absolutamente tudo. Mas para um emprego um diploma e experiencia faziam-se necessários e ele não tinha nenhum dos dois.  Ficamos horas tentando concluir o currículo, mas sem diploma, cursos ou experiencia profissional, a tarefa se tornou praticamente impossível. Depois de algumas horas terminamos, não ficou muito bom, tinha basicamente os dados pessoais dele, como ele não tinha residencia fixa, colocamos o endereço e o telefone da minha casa. Tiramos a semana para entregar os curriculos, ele estava disposto a trabalhar de qualquer coisa, precisava arrumar um emprego o mais depressa possível.  Saiamos juntos sempre e qualquer coisa era desculpa para nos encontrarmos. Íamos juntos no comercio e nas empresas entregar o currículo dele, ao final do dia ele me levava em casa, nos despedíamos no portão, e logo em seguida ele me ligava dizendo que estava com saudades. Eu estava cada dia mais apaixonada por ele, não estávamos namorando, e depois da tentativa frustrada de me beijar no shopping e de toda confusão que teve ele não tentou mais me beijar. Mas mesmo assim tínhamos uma intimidade incrível parecia que nos conhecíamos a anos. O beijo era só um detalhe que viria depois.

Certo dia ao entrar em uma loja de calçados para entregar o currículo, lá estava a Gabi, ela estava trabalhando lá como vendedora a algumas semana, fiquei feliz em vê-la, pensei que talvez ela pudesse ajudar o Flávio indicando ele para o gerente da loja, e foi o que ela fez, chamou o gerente e o apresentou, e coincidentemente eles estavam precisando de um vendedor.  E ele foi contratado, começaria na semana seguinte. Eu não poderia estar mais feliz. Agradeci a Gabi, tinha certeza que tinha sido Deus que tinha colocado ela ali, no lugar certo no momento certo.

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 19


O pastor Flávio me procurou para conversar, me ligou dizendo que estava muito chateado e que precisava conversar, e naquele momento ele só poderia contar comigo. Marcamos de nos encontrar em uma sorveteria perto da minha igreja, eu também não tinha ninguém com quem conversar, todos os que se diziam amigos me viraram as costas naquele momento, ou talvez tenha sido eu mesmo que afastei todos eles, mas a questão era que eu estava sozinha. Cheguei na sorveteria o Flávio já estava lá me esperando, sentei ao lado dele, ele parecia estar ainda mais bonito do que da ultima vez que nos encontramos. Dessa vez ele estava com um visual mais despojado, calça jeans escura e justa, sapato, e uma camiseta branca, simples, mas absolutamente encantador. O cabelo estava sem gel dessa vez, meio bagunçado, e usava óculos escuros, me lembrou os bad boys dos anos 80, e aquele visual me deixou ainda mais atraída por ele.

Novamente conversamos por horas, não me lembrava de ter uma tarde tão agradável em anos, a companhia dele fazia o tempo voar. Ele me contou que o bispo nem quis escutar sua versão da história e o tirou da obra. Ele não era mais pastor, mas me disse que não desistiria de voltar pro altar, pois lá era o lugar dele e ele tinha certeza de seu chamado. Disse que terminou de vez com a Mariana, terminou o que nem tinha começado, ele atribuía a culpa dele ter saído da obra a ela. Eles nem namoravam, ela não tinha o direito de armar o barraco que armou. Eu contei pra ele que eu também tinha saído de obreira, que estava muito triste com toda aquela situação, mas que eu não guardava magoa dela nem de ninguém, e que era para ele também não guardar.

Os olhos deles brilhavam cada vez que ele falava da obra, me contou como chegou na igreja e tudo que Deus havia feito em sua vida, me contou casos das igrejas que ele já passou, pessoas que conheceu, histórias que viveu. Nunca tinha conhecido ninguém antes que falasse com tanto amor da obra de Deus. Dava pra ver no olhar dele que ele realmente tinha o chamado e era um erro ele ter perdido o que mais amava.  Aquele amor pelas almas, aquela sede de justiça, aquele brilho nos olhos, tudo isso me fascinava.  Ele era realmente um homem de Deus, não tinha como negar, ele tem se mostrado assim dês do dia que eu o conheci. Mas um homem de Deus que havia cometido um erro, mas eu não poderia julgar, afinal aquele erro era eu. E quem nunca errou que atire a primeira pedra. A força que ele mostrou mesmo depois de tudo me fez o admirar ainda mais.

Ele estava hospedado temporariamente na casa de um obreiro, do obreiro Paulo para ser mais especifica. Foi o Paulo que nos apresentou no dia do meu aniversário, eu tinha muito carinho por ele, e fiquei feliz em saber que o Flávio estava na casa dele, sabia que lá ele seria bem tratado. O Paulo era um dos poucos que ainda conversava normalmente comigo, nunca me tratou diferente, ele era um grande amigo. Mas o Flávio me informou que ainda não sabia o que faria. A família dele era do interior, e ele não queria ter que voltar para lá. As chances dele voltar pro altar lá seria minimas, mas ele não poderia ficar morando muito tempo de favor na casa do Paulo, ele não tinha dinheiro, não tinha trabalho, não tinha nada. Me disse que se não arrumasse logo um emprego voltaria para a casa dos pais. Meu coração doeu só de imaginar ele tão longe de mim.

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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Diário de uma ex-Obreira - Capitulo 18


Na Terça-Feira na reunião de libertação, lá estava eu como membro assistindo a reunião. Dois obreiros e o pastor vieram fazer oração forte com imposição de mãos na minha cabeça, na hora me deu muita vontade de chorar e eu não pude conter as lagrimas. A pouco tempo atras era eu ali orando pelas pessoas, agora eu retrocedi, sou eu a receber a oração. Esta todo mundo achando que eu estou com demônio, e isso me deixava com raiva. Porque ninguém acredita em  mim? Por que acham que u tenho um demônio no corpo? Talvez eu tenha mesmo, o que eu fiz não foi atitude de mulher de Deus. Mas ninguém tinha o direito de me julgar. No final da reunião vieram alguns obreiros conversar comigo, cada um a sua hora, mas todos com as mesmas perguntas que me dilaceravam a alma. "Você esta bem Drica? Se precisar de alguma coisa pode contar ta? Estou orando  por você Drica...".
Sim, provavelmente todos eles tinham a intenção de me ajudar, mas isso me fazia me sentir ainda pior. "Nunca vieram falar comigo antes, porque estão falando agora? Acham que sou uma perturbada."

Na quarta feira era santa ceia, olhar todos aqueles obreiros ali na minha frente, enfileirados, todos tão sérios mas transmitindo uma imensa alegria, com os elementos na mão. Como eu amava servir santa ceia, para mim sempre foi uma honra muito grande, uma satisfação imensurável, mas naquele dia eu não poderia, talvez não teria esta honra nunca mais, as lagrimas foram aos poucos surgindo em meu olhar, tentei conte-las mas foi em vão. É como se eu sentisse inveja da queles obreiros, não era uma sensação boa, era algo que me doía muito por dentro. Desabei na hora da busca do Espirito Santo, fui sincera com Deus, mas eu me sentia suja, não me achava digna do perdão de Deus. Naquele momento Deus me perdoou pela minha sinceridade, mas eu não! Eu não me perdoei.

Domingo de manha não foi muito diferente, pessoas que sempre foram minhas amigas, como a Mariana e a Gabi, nem me cumprimentavam, evitavam sentar até na mesma fileira do banco que eu. E pessoas que nunca falavam comigo antes, agora vinham oferecer ajuda, mas aquela ajuda me soava como hipocrisia. Porque no final todo mundo estava me tratando diferente. E assim permaneceu no decorrer dos dias, sempre que eu ia para igreja, algo me fazia me senti mau. Mas eu não iria desistir, iria enfrentar tudo isso de cabeça erguida. Tinha pra mim que eu não estava ali para servir ao homem e sim a Deus, e não deixaria isso me abalar, mas a quem eu estava enganando? eu ja estava abalada.

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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 17


O rosto dele estava tão perto do meu que eu podia sentir sua respiração, Meu lábios tremiam tanto quanto minhas pernas. Eu fechei os olhos e me entreguei aquele sentimento, pronta para receber aquele beijo. Mas antes que nossos lábios pudessem se tocar, um grito nos interrompeu repentinamente, - Flaaaaavio!, nos afastamos um do outro assustados, e quando olhamos para o lado era a Mariana, com os olhos cobertos de lagrimas e com a voz pesada.

- Eu posso explicar! exclamei
- Não tem nada a explicar, eu vi perfeitamente bem que vocês iam se beijar, você é pior do que eu pensava Drica. E Flávio, eu nunca mais quero se quer ouvir seu nome.

A Mariana estava realmente muito abalada, ela perecia gostar de verdade dele. Ela virou as costas e entrou no ônibus chorando, mas se podia ver ódio faiscando em seus olhos,  resolvi esperar o próximo ônibus, certamente ela não deixaria por isso mesmo.

Chorei a noite inteira em meu travesseiro, até que por volta das 4 horas da madrugada fui vencida pelo sono e dormi. Acabei me esquecendo de colocar o relógio para despertar e quando acordei já estava tarde, certamente a reunião de domingo de manha já havia acabado. Levantei, tomei um banho, comi alguma coisa e desci para a igreja com a ideia de evangelizar, mas chegando lá antes que eu pudesse passar pela portaria da igreja o pastor me chamou aos gritos:

- Drica, venha até aqui agora, não quero ouvir nenhuma palavra da sua parte, apenas me escute e depois se retire. Você me decepcionou Drica, eu esperava o melhor de você, confiava em você como obreira, mas você demonstrou que não tem caráter, e eu não posso permitir que você continue como obreira. A partir de hoje você não é mais obreira e nem pode vestir mais nenhuma camisa da força jovem. Estou indo agora junto com a Mariana ir falar com o bispo a respeito do pastor Flávio, você estragou o ministério de um grande homem de Deus.

Fiz como o pastor disse fui embora sem nem olhar para traz, tentado segurar o choro. Como iria ser daqui pra frente? eu amava ser obreira, e agora eu estava fora. Eu fui uma pedra de tropeço no caminho do pastor Flávio, Deus nunca irá me perdoar, o que será que vai acontecer com ele? será que isto é motivo suficiente para tirarem ele da obra? Surgiram milhões de questionamentos nos meus pensamentos, e cada um deles rasgavam a minha alma. Não lembro de ter me sentido tão mau em toda a minha vida.

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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Diário de uma ex-Obreira - Capitulo 16


Combinei de encontrar com ele na praça de alimentação do shoping, quando cheguei avistei ele sentado em frente a cafeteria Coffee Express, que por sinal é a minha cafeteria preferida, lá eles servem um cappuccino com chantilly e chocolate amargo que era simplesmente divino. Ele me avistou de longe e acenou e abriu um sorriso prolongado, parecia muito feliz em me ver. 

- Por um momento achei que você não viria, fico feliz que tenha vindo.
- Não é para ficar feliz! Vim apenas trazer isto ( o pingente ), mas já estou de saída. 
- Não sem antes tomar um café comigo! Eu pago. Eles servem aqui um delicioso cappuccino com chantilly e chocolate amargo, pelo horário aposto que você esta com bastante fome. 

E eu estava mesmo com muita fome, e minha boca encheu d'água quando ele ofereceu o cappuccino, pensei, por que não? não vai levar mais do que dez minutos. Foi o que eu pensei, mas não foi o que aconteceu. Ficamos conversando por horas, ele me explicou que a Mariana a muito tempo estava na cola dele, e eles estavam apenas conversando, mas ele não gostava dela. Ele disse isso com todas as letras. "Ela esta fantasiando algo que não existe, eu não gosto dela e já deixei isso bem claro para ela, não estamos namorando, mas ela diz isso pra todo mundo, eu estava apenas dando uma chance de nos conhecermos, mas nem sei mais."
Depois disso conversamos por varias horas sobre varias assuntos, parecíamos nos conhecer a anos, e de certa forma ele tinha um poder incrível de me prender a atenção. até que me dei conta do horário, já passava das 20hs, a força Jovem já tinha acabado, eu deveria ter ido, mas quando me dei conta já era tarde e isso me deu um baita peso na consciência, o que eu diria para minha líder? O Pr. Flávio se ofereceu para me levar até o ponto de ônibus, eu aceitei, já estava escuro e eu tinha um certo medo de ficar sozinha no ponto, havia rumores de trombadinhas rondando por ali. Já estava me esquecendo de devolver o pingente, afinal este era o real motivo deu ter ido até ali. Estendi a mão segurando o pingente, o Pr. Flávio estendeu a mão de volta, nossas mão se tocaram e por alguns segundo permaneceram assim, juntas. Quando fui para tirar a mão, ele segurou-a com firmeza me puxando para perto dele, minha respiração se tornou mais difícil, e meu coração parecia que iria explodir a qualquer momento, mas eu não tive nenhuma reação, foi como se eu assistisse aquela cena de  longe sem poder fazer nada. Ele segurou meu rosto com delicadeza, eu estava bem perto dele, acariciou meus cabelos olhando fixamente em meu olhos, eu queria sair correndo, mas não consegui, permaneci ali, parada. O rosto dele estava tão perto do meu que eu podia sentir sua respiração, Meu lábios tremiam tanto quanto minhas pernas. Eu fechei os olhos e me entreguei aquele sentimento, pronta para receber aquele beijo.

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira- capitulo 15


No fundo eu sabia que não devia ter mandado aquela solicitação de amizade, mas não cancelei, não me arrependi. Aquela história toda estava muito mau resolvida, e aquela era minha oportunidade de tirar tudo a limpo. Fiquei olhando para a tela do computador por algum tempo, e recarregando a pagina a cada um minuto para ver se ele já tinha me aceitado, mas nada. Me lembrei que era domingo, o dia mais corrido na igreja, e obviamente ele não entraria na internet naquele dia, então deixei pra lá.

A semana passou, e eu já tinha me esquecido que tinha adicionado o pr. Flavio no Facebook. Era sábado, acordei cedo e fui lavar a igreja, ajudei a preparar alguns propósitos e fui pra casa almoçar, normalmente eu voltaria para a igreja logo em seguida para ensaiar o grupo de dança, então eu teria um tempo livre até dar o horário da Força Jovem. Entrei no Facebook e para minha surpresa o pr. Flávio tinha me aceitado e ainda por cima estava online, Claro, hoje é a folga dele, pensei. Eu queria muito falar com ele, mas não sabia se devia, então abria e fechava a janela dele no bate papo, escrevia e apagava. "Oi, tudo bem", "Boa Tarde Pastor", "Oi"... Fiquei nessa por uns 20 minutos mais ou menos, até que uma das vezes que eu abri a janela dele, apareceu uma mensagem. 

-- Olá Drica, muito boa tarde. Que coincidência você ter me adicionado, estava pensando em você hoje mesmo.
-- Estava?
-- Sim, a Mariana me contou que vocês brigaram, não achei certo da parte dela, e até briguei com ela por isso. Peço perdão por ela. Estamos nos conhecendo ainda. 

Meu Deus, como ele é simpático, definitivamente é o homem mais cativante que eu já conheci!Conclui. Ele esta certo em me pedir desculpas, parte disso tudo foi por culpa dele, ele não devia ter me dado aquele colar. Ah, o colar, lembrei, peguei ele na gaveta da minha escrivaninha, segurei na mão, e digitei: 

-- Ok, eu perdoo, sei que não foi culpa sua. Mas preciso te devolver o pingente, eu não deveria ter aceitado ele dês do começo. Não quero mais problema para o meu lado. Como faço para te devolver?
-- Tem certeza que quer me devolver Drica? Ficou tão lindo em você. Mas se quer mesmo me devolver tenho que ir no shopping mais tarde, pode me encontrar lá se quiser. 

Pensei em recusar a convite, mas estava tão ansiosa em resolver aquilo logo que resolvi aceitar. Acho que daria tempo de encontrar com ele lá, entregar o pingente e depois ir para a força jovem. E não era um encontro, eu só iria entregar o pingente e ir embora. Na minha cabeça isso colocaria um ponto final nesta história que mau teve começo, mas teria um fim! 

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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Diário de uma ex-Obreira - Capitulo 14


Felei comigo mesma que não iria me abater, ser Obreira é uma honra, mas é apenas um titulo, e o fato deu não colocar mais uniforme não iria me impedir de continuar a ganhar almas. E eu não tinha motivos para ficar tão abalada assim, o pastor deixou bem claro que eu continuo de obreira, só vou ficar no banco por um tempo.

Não demorou muito para a Gabi vir conversar comigo, me pedir desculpas por ter sido "dedo dura", disse que a intenção dela nunca foi de causar transtorno para mim, só queria ajudar. Me disse também que achou muito injusto o pastor ter me colocado no banco e ter mantido a Mariana. E me contou indignada que o pastor tinha colocado a Mariana no meu lugar na evangelização. A indignação dela parecia tanta, que chegava a ser contagiosa. Quanta injustiça!, pensei calada, e assim permaneci, calada! Não vou criar caso com isso, não valia a pena, a justiça viria de Deus. E logo tudo voltaria a ser como antes. 

No domingo seguinte quando cheguei a igreja senti que todos me olhavam torto, tive a impressão que todos falavam ao meu respeito. mas devia ser só impressão minha mesmo, tentei ignorar. Mas era uma sensação horrível, parecia ser real de mais pra ser só impressão. Tive vontade de esconder o rosto ou sair correndo dali. E foi o que fiz, logo que a reunião acabou fui embora as presas, mesmo antes do pastor dizer "amem".  A final não tinha mais obrigações com a evangelização e nem com o grupo jovem, eu era só mais uma ali no meio de todo mundo, não tinha porque eu ficar ali por mais tempo. Fui embora antes que alguém tivesse a oportunidade de me parar e me perguntar o que aconteceu, eu estava envergonhada, e tocar naquele assunto era a ultima coisa que eu queria. 


Meu domingo sempre foi muito ocupado, evangelização de manha, ensaio da dança a tarde e voltava as 18hs para trabalhar na reunião. Neste domingo eu não faria nada disso. O pastor não me proibiu de evangelizar, mas era a Mariana a nova líder, e depois de tudo eu não conseguiria evangelizar como se nada tivesse acontecido. Eu não fazia mais parte da dança, e não poderia mais vestir o uniforme de obreira as 18hs. Então fiquei em casa, praticamente sem fazer nada, só mexendo na internet mesmo, acessando minha conta do Facebook, tentando me distrair. Foi quando eu vi o perfil do Pr. Flavio, eu já tinha procurado ele antes nas redes sociais antes de toda confusão e não tinha achado, e agora ele aparecera ali, bem na minha frente, e eu quase que num movimento automático cliquei em "adicionar aos amigos". Foi tão automático que nem percebi a burrice que eu estava fazendo. 

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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 13

No domingo de manha achei melhor ir falar com a Mariana, pedir perdão por tudo e tentar acertas as coisas. Não queria perder a amizade dela, ela era importante pra mim, e a culpada de tudo havia sido eu. Logo após a reunião principal fui ao encontro dela:


-Marina, me perdoe, eu não sabia que você e o pr. Flavio estavam conversando, eu nunca tive a intenção de trair sua amizade. eu juro q...
- Drica! para de falsidade, a Gabi me contou tudo. Me disse que você não desistiria dele, e faria de tudo para nos separar. Não esperava isso de você, isso só mostra que você não tem caráter de uma mulher de Deus.
- Mas é mentira, eu nunca disse isso, quem disse isso foi ela...

A conversa foi bastante exaltada, chegamos a trocar alguns gritos, e o pastor ouviu, e imediatamente mandou nos chamar na sala dele. Antes deu ter a oportunidade de falar alguma coisa a Mariana desembolou a falar, disse que eu queria separar ela do pr. Flavio, que eu tinha chamado ele pro meu aniversário para poder dar em cima dele, que eu estava obstinada a destruir ela. Parou por uns instantes, respirou fundo e apontou o dedo para meu pescoço. Eu estava usando o colar que eu havia ganhado do pr. Flavio, na verdade, dês que ganhei, não tirei mais ele do pescoço. E a Mariana exclamou " Esta vendo este colar no pescoço da Drica pastor? É presente do pr. Flávio. Se tudo o que eu disse fosse mentira, porque ela teria um presente dele? O pastor olhou para mim com um olhar condenador, pediu que a Mariana se retirasse da sala, olhou bem fixamente em meus olhos e disse: "Drica, a partir de hoje você não toma mais conta da evangelização, nem quero você na dança. Você esta me causando muitos problemas, e não vá negar, porque você mesma me perguntou sobre ele outro dia. Não vou te tirar de obreira por enquanto, mas quero que você fique um tempo no banco pra pensar. É só isso, pode se retirar." Eu pensei em me defender, mas achei melhor não. "O Justo não se justifica", mas será que eu estava mesmo sendo justa?

Deus esta me rejeitando, foi o que veio em meus pensamentos na mesma hora. Aquilo não podia estar acontecendo, provavelmente Deus não escutava mais minhas orações, estava me castigando por alguma coisa, nem adiantava eu orar a Ele neste momento, certamente Ele não iria me responder, e a culpada disso tudo era eu. Arranquei com toda força aquele colar do pescoço, ia jogar no chão, mas por algum motivo hesitei, respirei fundo e guardei ele no bolso. O único sentimento que eu sentia naquele momento era raiva. Raiva de mim mesmo, raiva da Mariana, Raiva da Gabi, raiva do pr. Flavio e de todo mundo, apenas raiva.  Por que estava acontecendo tudo aquilo comigo?

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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 12


O Pastor reuniu todos os obreiros para avisar que na sexta teria vigília com todos os obreiros do estado. Que ninguém poderia faltar, e que deveríamos chegar cedo para conseguir sentar na frente.
Cheguei cedo, e antes de começar a vigília a Mariana veio falar comigo. 

- Agora eu já sei porque você esta agindo estranho comigo Drica, você é uma falsa.
- Não sei do que você esta falando.
- Você é uma perturbada, se tivesse um pouco de juízo nem colocava mais o uniforme. Você é um lobo em pele de cordeiro. Se fazendo de boazinha, mas uma hora a mascara cai! Fique longe do Flávio. 

Aquelas palavras foram como um tapa na cara, comecei a chorar e a pensar que talvez ela pudesse estar certa. Será que eu estava mesmo perturbada? Será que eu tinha dado brecha pro diabo entrar? A vigília começou como de costume com uma oração forte, coloquei as mãos na minha cabeça e mandei o mau sair, mas eu continuara a me sentir mau, chorei durante toda a vigília. A Mariana sempre foi minha amiga, foi quem me ajudou quando eu cheguei na igreja, e ouvir aquelas palavras da boca dela foi duro de mais para mim.  E para piorar no final da vigília, na saída, próximo ao banheiro dou de cara com ela e o Pr. Flavio juntos, conversando.  Tento mudar minha rota mas já era tarde de mais, eles tinham me visto, e a Mariana novamente me chamou, dessa vez com um ar de ironia.

- Drica! Drica, espera, não vai embora, quero te apresentar meu namorado. 
- Namorado?? ( perguntei com espanto, até onde eu sábia eles estavam apenas se conhecendo)
- Sim, NAMORADO  - (Falou em um tom mais forte, como quem quer afirmar e reafirmar algo) - O bispo acabou de liberar nosso namoro, domingo começo a vir nas aulas. 

O Pr. Flávio ficou nitidamente sem graça, ele percebeu a ironia nas palavras da Mariana, logo arrumou uma desculpa para ir embora, não queria se meter neste assunto, não poderia ter problemas com isso, a obra é rígida de mais.  Eu segurei minhas lagrimas enquanto eu pude, mas ao chegar no ponto de ônibus, desabei novamente.  Não só pelo pr. Flavio, mas por tudo. Acabara de perder minha melhor amiga, e o homem de quem eu gostava, e começou a se passar pela minha cabeça que eu poderia estar perdendo minha salvação.

CONTINUA... 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 11


Eu já não conseguia mais disfarçar minha frustração toda vez que eu encontrava com a Mariana, e eu me sentia mau com isso, eu não tinha direito nenhum de ficar com ciumes. Ela começou a perceber que eu estava a tratando diferente, e sempre me perguntava se estava tudo bem e eu sempre respondia "sim, esta tudo bem, é só impressão sua". Mas era mentira, não estava nada bem. 

Resolvi desabafar com uma amiga, a obreira Gabi, ela era minha amiga e iria me entender, e conversar sobre o que eu estava sentindo iria aliviar todo aquele peso. 

-- Gabi, queria desabafar com você, estou angustiada e confio em você.
-- Claro amiga, pode falar, o que esta acontecendo? 

Contei tudo dês do começo pra ela, sobre quando ele quis me conhecer e eu não quis, sobre o colar com pingente de coroa que eu havia ganhado de aniversario, contei como eu estava me sentindo com tudo isso e que eu não conseguia tirar o pr. Flavio dos meus pensamentos. Ela pareceu ter me entendido, me disse que eu não poderia desistir assim dele, que eu deveria lutar, me aproximar dele, porque esse namoro dele com a Mariana não tinha futuro. Ela me disse que eu não deveria ficar mau por gostar dele, afinal nem é namoro ainda, estão só se conhecendo. Por alguns instantes de alguma forma aquela conversa me deixou aliviada, e pensei que havia feito certo em ter conversado com a Gabi. Mas aquela conversa me traria problemas no futuro, e não iria demorar muito para tudo começar a dar errado. 

O Pastor reuniu todos os obreiros para avisar que na sexta teria vigília com todos os obreiros do estado. Que ninguém poderia faltar, e que deveríamos chegar cedo para conseguir sentar na frente.

CONTINUA...